O cantor Zezé di
Camargo foi condenado pela Justiça a pagar multa de R$ 25 mil por fazer
propaganda eleitoral antecipada em Bom Despacho (MG). Segundo denúncia
do Ministério Público de Minas, origem da decisão da 45ª Zona Eleitoral,
o músico incitou um público de 12 mil pessoas a vaiar o candidato de
oposição a prefeito da cidade. Zezé se apresentava em show pelo
centenário de Bom Despacho, em 2 de junho.
O evento foi bancado
pela prefeitura, que distribuiu convites gratuitamente aos moradores,
cobrando apenas pelo camarote. O promotor Giovani Avelar Vieira acusa o
cantor de fazer promoção pessoal do prefeito Haroldo Queiroz (PDT) e
ataque eleitoral ao seu desafeto político. O então vereador Fernando
Cabral (PPS), único representante da oposição na cidade e hoje candidato
a prefeito, havia entrado com ação, antes do show, para interditar os
camarotes.
“A gente sabe da história do político, do vereador aí
que criou o maior caso e que faz parte da oposição e que queria que a
festa não acontecesse. Pensou muito mais no seu próprio umbigo que no
povo. Então, para esse cara que quis atrapalhar uma festa dessa, uma
vaia bem grande que eu quero ouvir aqui”, disse Zezé, acrescentando, sem
citar o nome, que Cabral era “impensante” e que não ganharia a próxima
eleição “nem para síndico”.
Ouvidos no processo, o cantor e o
prefeito — que também foi acionado, mas não sofreu condenação por falta
de provas — negaram as acusações. Zezé alegou ter dado opinião “sem
interesse político”. O cantor ainda responde por ação, junto ao
prefeito, por abuso de poder econômico. Ele não foi encontrado pelo
GLOBO para comentar o assunto.
Zézé di Camargo e Luciano
receberam R$ 170 mil da prefeitura pelo show. O mesmo valor foi pedido
como multa pelo promotor, mas a juíza Sônia Helena Tavares de Azevedo
reduziu o valor para R$ 25 mil, ou 15% do cachê, limite estabelecido
pela legislação eleitoral para propaganda extemporânea. O promotor já
recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG).