Quando os primeiros trabalhos (desenhos) de Edinilson
começaram a aparecer nas paredes das ruas, causou espanto em muitas pessoas. Grandes
partes delas nunca tinham sido vistas ao vivo, trabalhos assim; de forma mais
real.
Foto - Vicencianet |
A trajetória desse artista, você vai ler a seguir.José Edinilson
Costa, também conhecido como Nilsinho; quem o vê fazendo algum tipo de
trabalho, às vezes até grosseiro, não imagina o artista que ele é...É natural de
Vicência. Com uns sete anos de idade foi morar no Recife e depois em Olinda
onde foi matriculado em um colégio. Tempos depois voltou e foi matriculado no
Juvenato Padre Guedes. Nunca foi bom aluno nem na fase de criança nem na de
adolescente, mas se destacava nos desenhos e outros trabalhos de arte, e nas
muitas brigas que se envolvia dentro e fora da escola, (apesar de não provocar
e ter um temperamento calmo). Nas brincadeiras, quando a turma queria fazer ou
consertar alguma coisa, falavam logo o seu nome. Nesse tempo, na década de
1970, vários motoristas andavam com um menino para ajuda-lo, e Edinilson andava
com o seu irmão, mas nunca teve o sonho de ser choffer como as crianças da
época tinham.
De espírito aventureiro e ecológico; desde a infância a fase
adulta, teve gosto pela aventura, embrenhando-se nas matas e sítios com os colegas,
atravessando rios em períodos de enchentes, no mar já salvou pessoas se
afogando (em três ocasiões), escalando monte, árvores, torres, fazendo longas
caminhadas pelas serras, acampando, etc. Abandonou os estudos por vários anos
na sexta série (2º ano ginasial) hoje 7º ano. Às vezes trabalhava ajudando seu
pai que era sapateiro. No início da maior idade foi trabalhar como servente de
obras e posteriormente pedreiro. Sua fama logo se espalhou graças à boa
qualidade do seu acabamento. Entrou para a prefeitura, mas depois foi
dispensado junto com a equipe que concluíram a obra. Pouco tempo depois foi
convidado a voltar, mas não aceitou o convite, pois foi ingressar na CERSIL,
uma cooperativa de eletrificação rural, na época administrada pelo governo do Estado
através da CELPE. O super administrador Dr. Walter Alexandre da Silva que
ocupava o cargo de gerente já o havia chamado duas vezes para esta empresa, mas
foi na 3º vez que Edinilson resolveu aceitar; enquanto várias pessoas tentavam
uma vaga por concurso ou indicação política.
Durante muitos anos quem era
famoso como desenhista em Vicência era o comerciante e artesão conhecido como
Baixa Bilau; ele fazia máscaras e outras fantasias para vender no carnaval,
abria letreiros (desenho de letras) etc. Era muito criativo, mas seus trabalhos
eram rústicos e seus desenhos sempre eram em forma de bonecos. Posteriormente,
depois da aparição de Edinilson, foram aparecendo outros, como: Neo Pintor com
seus letreiros e Josuel com letreiros e desenhos. Antes de trabalhar de
servente, Edinilson já fazia vários desenhos e outros trabalhos escolares para
as pessoas. Certa vez resolveu fazer um trabalho para colocar na parede da sua
casa: pintou um animal em uma folha de isopor, várias pessoas que viam queriam
um. Fez vários, a maioria “0800”. Mesmo trabalhando de servente, nos dias de
folga fazia seus trabalhos abrindo letreiros e as vezes desenhando nas paredes,
causando muita admiração. Diz ele que não era nada espetacular, a razão era por
que a maior parte do povo só viam coisas assim nos livros, revistas, TV, etc.
Durante os anos que passou na CERSIL como eletricista de AT e BT, trabalhou
em vários serviços. Muitos deles duríssimos: eletrificando áreas rurais; muitas
de difícil acesso. Não se destacou entre os melhores eletricistas, mas sim nos
serviços mais perigosos (ele gostava) e em vários outros que fazia. Era tido
como o Homem das 1001 utilidades. Em 1994 assumiu a oficina desta empresa como
técnico em transformadores; fazendo vários melhoramentos, ficando como referência
no Estado graças a qualidade dos serviços e aumento da produção. Durante os 19
anos que trabalhou na Cersil (1985 a 2004) foi difícil conciliar o trabalho da
empresa com os de arte devido à carga horária que incluía horas extras. Mesmo
assim nas folgas fazia suas artes e fez algumas exposições de pinturas: a
primeira em 1989, a segunda em 1991, juntamente com os artistas Biart Cadena e
Eunice Jerônimo; seguindo de mais umas quatro dentro e fora do município. Além
dos desenhos e pinturas, fazendo também esculturas, artesanatos, fotopintura, restaurações
de várias coisas; inclusive fotos e obras arquitetônicas. Quando brincava
carnaval, suas fantasias eram as mais que chamavam atenção. Quando o procuravam
para fazer algum desenho para alguma equipe em algum concurso, não queria
participar, pois era sempre de última hora e não tinha tempo de caprichar; mas
mesmo aceitando, quase sempre tirava em 1º lugar.
Às vezes participa de
comissão julgadora em concursos de arte, dá palestras nas escolas sobre
desenhos, etc. O seu apego à cidade influenciaram nas dificuldades,
principalmente devido à cultura e o poder aquisitivo local. Sua maior clientela é de outros Municípios; às
vezes através de atravessadores que chegam a ganhar dez vezes acima do valor
cobrado, principalmente quando é uma restauração de foto muito ruim que foi mal
sucedida em Recife ou em outro lugar. (Na conferência de cultura de 2009, o
prof. Samuel Cazumbá, que é preocupado com a cultura local comentou também
sobre Edinilson, pois as novas gerações não o conhecia como artista). É difícil
para ele viver só de arte em Vicência como também não quis mais trabalhar em firma
de energia, pois lhe ocupava muito tempo.
Por volta de 2005 foi trabalhar como
segurança em uma equipe criada pela P.M.V que tempos depois foi extinta, e
posteriormente passou a trabalhar com seu irmão. Resolveu fazer o exame
supletivo onde concluiu o ensino médio; inscreveu-se no curso de educação
física do CREF , na escola superior de educação física [ESEF] da UPE, ficando
assim como professor de educação física (na área de musculação), categoria
provisionada (não provisório). Ele já tinha academia de musculação e uns tempos
com artes marciais desde 1992/93. Os equipamentos ele mesmo quem fazia e ainda
o faz. Em 2011, entrou na P.M.V. na área
de segurança exercendo o trabalho de vigilante ou guarda municipal. Trabalhando
certo, foi mais uma de suas virtudes. Foi um período melhor ficando mais fácil
conciliar com a sua arte devido a carga horária ser menor; nesse tempo, também
fez o curso de produtor cultural e começou a escrever um livro sobre a história
de Vicência. Depois das eleições de
2012, foi dispensado. Edinilson é uma
pessoa prestativa: contribui com serviços no Mercado Regional de Arte a vários
anos, é membro de uma ONG ambiental(IPDAPE), faz parte do conselho de cultura,
e do de turismo, foi um dos 4 da delegação que foi representar o município na
conferência estadual de meio ambiente em 2013, é um defensor do patrimônio histórico,
tem ideias importantes para o melhoramento do turismo no município, entre outros. E não pensa em ser político,
(talvez a sua vocação para certas coisas, tenha vindo de herança genética
devido aos bons profissionais da família). Entre os bons profissionais da
família estava seu pai, um afamado sapateiro que sua fama foi além...e sua mãe,
uma talentosa costureira. Em 1884, seu bisavô paterno foi notícia no diário de Pernambuco,
que, sem conhecimento de engenharia mecânica, modernizou a moenda de cana do engenho
Tejo [extinto] aqui em Vicência. Pois assim concluímos que José Edinilson Costa,
hoje com 54 anos, tem pouquíssimo tempo para aproveitar sua arte, seu talento e
a sua inspiração.
Autores da biografia:
Jéssika
Lima Costa, estudante de História da UPE, e Edinaldo Sílvio Pereira, artesão,
produtor cultural e cordelista.
Dados Bibliográficos: trabalho da equipe na disciplina Arte/Educação
ministrada no curso de Pedagogia Turma “C” do PARFOR/UPE
Faculdade
de Formação de Professores de Nazaré da Mata-PE
Equipe:
Karla Ferreira da Silva, Maria Luciene Galdino da Silva, Eliane Ferreira da
Silva e Elisângela de Oliveira Silva.
19 de Maio
de 2012
Programa “Que História é Essa”?
NAZA
FM/Nazaré da Mata
Apresentador:
Professor Doutor em história Severino Vicente da Silva da UFPE.
29 de Julho
de 2012
Apoio:
FUNCULTURA, FUNDARPE, Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco.