Senado aprova fim do voto secreto para cassações de mandato

GABRIELA GUERREIRO - DE BRASÍLIA - O Senado aprovou nesta quarta-feira (4) o fim do voto secreto para as cassações de mandato de deputados e senadores.Por 56 votos a 1, o plenário aprovou a chamada PEC (proposta de emenda
constitucional) do voto aberto, que ainda precisa passar pela Câmara dos
Deputados para entrar em vigor.A mudança não deve ser aprovada pelos deputados a tempo de valer na
votação da cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO),
marcada para a próxima quarta-feira (11).Apesar de líderes partidários da Câmara afirmarem que há acordo para
votar o fim do voto secreto nas cassações, a proposta que tramita na
Casa não entrou na pauta do plenário.No total, 56 senadores votaram a favor da PEC. O único a votar contra
foi o senador Lobão Filho (PMDB-MA), que defende o voto secreto nas
cassações de mandato como forma de preservar o julgamento do
parlamentar."Acho que cassação tem que ter voto secreto, não tem que ser sujeita a
pressões, mas calcada em fatos. Os parlamentares trabalham como
julgadores, é uma questão de foro íntimo", afirmou.A PEC mantém votação secreta do Congresso para indicação de autoridades
do governo federal, autarquias, embaixadores ou tribunais superiores,
vetos presidenciais e casos como exoneração do procurador-geral da
República.Todas essas modalidades de votação secreta estão hoje previstas pela Constituição, incluindo a perda do mandato.O plenário aprovou a proposta em dois turnos, abrindo e fechando sessões para permitir a votação no mesmo dia.Ao defender a aprovação da PEC, o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse
que "senador e deputado que não aguenta pressão, tem que voltar para
casa".Já o senador Paulo Paim (PT-RS), favorável ao fim de todas as votações
secretas previstas pela Constituição, disse que há o "medo" do voto
aberto em outras situações por parlamentares comprometidos com seus
interesses particulares.Folha de SP