Por Luís Correa - Os recursos hídricos têm diminuído a cada ano, ocasionado pelo uso incorreto do abastecimento público de água, o crescimento desordenado das cidades e poluição das águas. A soma desses fatores atinge diretamente o desenvolvimento e sustentabilidade do meio-ambiente. Pensando em ajudar a fauna e a flora do nosso estado, o Técnico em Agroecologia, José Everaldo, criou no município de Panelas, Agreste de Pernambuco, o Instituto Mata Viva. O lugar está localizado no Sítio Alfaiate, na zona rural da cidade, com mais de 25 anos de existência, onde já contribuiu bastante com o meio-ambiente Pernambuco.
Em recente entrevista ao jornalista Luís Correa, “O Repórter Que Chega Primeiro”, José Everaldo comenta como surgiu a ideia de criar o local. “Meu trabalho surgiu ainda na década de 90, quando comecei a reflorestar a minha região, atualmente já recuperamos dois hectares da Mata Atlântica e estamos agora, com a recuperação das nascentes e de áreas degradadas, trabalhamos também com educação ambiental, a bioconstrução, entre outros serviços. O importante é que todas essas relações ambientais são para melhorar a vida das pessoas através da preservação dos recursos naturais”, comentou Everaldo.
O Instituto Mata Viva tem atuação em 16 cidades pernambucanas, na sua maioria com voluntários. “As pessoas têm se interessado em trabalhar como voluntários em benefício da natureza, para fazermos um mundo melhor. É através da agroecologia que somos norteados para podermos chegar a uma recuperação de uma nascente. Nada adianta se você não tem trabalho integrado com a natureza, por mais técnica que tenha, não vale de nada”, afirmou Everaldo.
O criador do instituto explicou como funciona e quais métodos utilizados para a recuperação de uma nascente. “Observamos primeiro o local, faremos um estudo topográfico da área, analisamos o que aconteceu para que essa nascente tenha deixado de existir. Uma vez feita essa identificação, agora, vamos realizar nosso trabalho, o trabalho antropológico. Iniciamos com uma limpeza do olho d´água, desobstrução da nascente, de onde sai à água, removemos todas as pedras soltas, lamas também”, disse Mata Viva.
E continuou. “Agora fazemos um trabalho de preservação do olho d ' água, utilizando pedra rachão, pedaços de canos e um pouco de solo cimento (mistura de barro e um pouco de cimento), porque tem técnica que utiliza lona plástica, mas não utilizamos. Em seguida vedamos os olhos d’água, deixando as saídas para garantir que ele não vai se comprometer com os barros que caem das encostas. Logo depois atuamos fortemente no reflorestamento, porque na medida em que você faz isso, a água volta. Isso é um princípio da natureza”, pontuou Everaldo Mata Viva.
O especialista afirmou que a duração da restauração das nascentes vai de acordo com a situação que ela se encontrava. “A sua duração depende do estado em que se encontra a nascente. Se é uma que já tem um trabalho de reflorestamento em volta dela, tanto diminui o custo para sua recuperação da área, como é mais fácil a sua atuação. Que passa a ser a preservação do olho d'água. Tem duração de três a dez dias, vai depender do acesso ao olho d´água”, falou.
José Everaldo pede apoio do governo estadual, e aos gestores municipais para a expansão do trabalho nos lugares que ainda não têm o Mata Viva, como no Agreste Setentrional e Zona da Mata. “Estamos à disposição para implantar esse projeto nas regiões que não possuiu o Mata Viva, como parte do Agreste e da Mata Norte. O Governo do Estado ainda não viu as nossas ações, que são importantes para o desenvolvimento da região pernambucana. Porque não existe estado forte sem o setor primário funcionando, que são os chamados agricultura e natureza. Mas o governo do estado ainda não tem atuação conosco. Estamos tentando uma aproximação com essa nova gestão, para ajudar as pessoas com a implantação da ação sem que haja um custo alto”, concluiu Everaldo.
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Tony Vasconcelos
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