Um dia após a divulgação de um dos piores resultados do Pacto pela Vida dos últimos oito anos, o Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) fez duras críticas ao programa. Representantes da entidade de classe condenaram o regime de metas e a estrutura da iniciativa.
Num recado direto ao governador Paulo Câmara (PSB), o presidente do Sinpol, Áureo Cisneiros, afirmou, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (3), que “o Pacto pela Vida está falido”. “Queremos dialogar com o governador Paulo Câmara. O pacto está construído muito no campo midiático. Não houve estruturação das organizações. Não houve valorização dos policiais. O policial está hoje desmotivado”, criticou.
As cobranças feitas aos policiais para bater as metas também foram alvo das críticas do presidente. “Eles estão cansados. Seis policiais se suicidaram em 2014. Nós trabalhamos com investigação e isso não tem prazo, pode durar meses ou 2, 3 anos, mas temos que cumprir metas para mandar o inquérito. Então, mandam um documento mal concluído e volta depois para a polícia, mas mesmo assim entram nas metas”, explicou Cisneiros.
Críticas também foram feitas ao novo esquema de trabalho adotado pela Secretaria de Defesa Social (SDS). Segundo o presidente do Sinpol, a proposta é transferir policiais de uma área com elevado número de homicídios para outra com taxas menores de violência. “E a outra área, como fica? Muitas delegacias estão fechando por falta de policiais. Essa é a realidade infeliz da Polícia Civil de Pernambuco”, lamentou.
ANÁLISE DOS NÚMEROS – Pela primeira vez desde que foi lançado, o programa Pacto pela Vida apresentou crescimento nos números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) em Pernambuco em um mês de janeiro em relação ao mesmo período do ano anterior.
De 2007 a 2014, os índices de homicídios se mantiveram em queda nos meses de janeiro, o que não ocorreu este ano, quando foram registrados 309 assassinatos no Estado, 60 a mais do que no ano passado, segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), um aumento de 24,09%.
A situação, que já em dezembro se mostrava preocupante, quando o governo divulgou um aumento de 8,73% na taxa de homicídios em Pernambuco considerando o ano inteiro de 2014, parece ainda mais delicada neste momento.
Os militares dizem estar desestimulados com seus salários e condições de trabalho e nem mesmo o anúncio de uma série de mudanças no pagamento das Gratificações do Pacto pela Vida (GPPVs), que agora serão calculadas pelo desempenho individual dos policiais, e a mudança do comando das polícias civil, militar e científica parecem incentivá-los. Fonte - Blog do Jamildo