terça-feira, janeiro 20, 2015

Volta da Cide na gasolina acionará gatilho do preço do açúcar e da cana

A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina voltará a ser cobrada pelo governo federal. A informação foi feita ontem (19) pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. A consequência é que o litro da gasolina ficará R$ 0,22 mais cara nas refinarias. A Petrobrás já anunciou que repassará o aumento para os postos de combustíveis.
A elevação no valor da gasolina estimulará o maior consumo de etanol, quando o consumidor comparar o preço dos combustíveis associado às suas eficiências. E a depender do aumento no consumo do álcool, as indústrias produtoras tendem a ampliar o mix do etanol em detrimento ao de açúcar, este que tem sido priorizado nas usinas por conta da falta de estímulo do governo ao etanol nos últimos anos. Logo, segundo a União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), com a volta da taxação da gasolina, haverá, gradativamente, redução na fabricação e na exportação do açúcar, que hoje tem baixo valor no mercado internacional devido ao excedente do produto no mundo. Com isso, a mudança do mix nas usinas sucroalcooleiras contribuirá para elevação do valor da cana, uma vez que na composição do seu preço está condicionada o valor do açúcar e do etanol, que tendem a aumentar.
A composição do preço da cana-de-açúcar depende dos preços do açúcar e etanol. E o principal deles é o valor do açúcar no mercado internacional, sobretudo porque o Brasil é o maior exportador dessa commodities no planeta. “Com a volta da competitividade do etanol em relação à gasolina, em decorrência da incidência da Cide, mais cana será destinada à produção de etanol e menos para a fabricação de açúcar, diminuindo a respectiva produção do alimento, elevando seus preços no mercado exterior consequentemente, os quais estão abaixo do custo de produção” explica Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida. Ou seja, a volta da Cide na gasolina é relevante para restaurar o mercado internacional do açúcar, sendo, portanto, um gatilho para a valorização do preço da cana-de-açúcar.
Todavia, o presidente da Unida lembra que a há quase dois anos, todo o setor sucroenergético vêm pleiteando ao governo federal a volta da Cide na gasolina, sem sucesso. O fato faz o dirigente entender que a atual ação governamental não tem correspondência com o pleito do setor, mas com os problemas de caixa do Poder Executivo. Além disso, Lima reclama do período em que as medidas com efeitos positivos ao setor são tomadas. “Toda vez que o governo cria regras, elas são implementadas sempre no fim da safra da cana nordestina, e, próximo ao começo da safra do Centro-Sul do Brasil, a exemplo de quando houve a autorização para aumentar a mistura do álcool anidro na composição da gasolina”, critica. 
Robério Coutinho 
Assessoria de Imprensa da Unida