Um dos maiores ícones da música popular nordestina, o cantor e compositor Luiz Gonzaga terá seu nome inscrito no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco - Fernando Santa Cruz. A proposta foi apresentada à Assembleia Legislativa pelo deputado Antônio Moraes e aprovada nesta segunda-feira (11) pela unanimidade dos parlamentares. Conhecido carinhosamente como Rei do Baião, Gonzaga cumpriu um papel fundamental: difundiu a música da região Nordeste no cenário nacional e internacional, munido de um acordeão e apoiado por uma zabumba e um triângulo. Essa formação definiu o chamado forró pé-de-serra – e, mais especificamente, o gênero do baião – tornando-o popular em todo o Brasil. Ao longo da carreira, ostentou uma respeitável lista de grandes sucessos, como Asa Branca; Luar do Sertão; Súplica Cearense; Feira de Caruaru; No Meu pé de Serra; A Triste Partida; Assum Preto; Olha Pro Céu; Paraíba; Pau de Arara; Cintura Fina; Danado de Bom; Riacho do Navio; Xote das Meninas; Sala de Reboco; Respeita Januário; Pagode Russo; Zé Matuto; Dezessete e Setecentos; Baião de Dois; entre outras. Algumas delas em parcerias com grandes compositores, como Humberto Teixeira, Zé Dantas e Patativa do Assaré. “Gonzagão tinha um talento enorme para misturar ritmos tradicionais com melodias cativantes. Suas músicas, frequentemente, refletiam o sofrimento, as lutas e as esperanças dos sertanejos, contribuindo para uma maior compreensão da situação no Nordeste e também para a difusão da nossa cultura. Mesmo após 35 anos da sua morte ele continua a inspirar artistas contemporâneos e segue como um marco da música brasileira”, afirmou o deputado Antônio Moraes, autor do projeto e fã declarado do Rei do Baião. Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, no município de Exu – Sertão do Araripe de Pernambuco. Filho de Januário José dos Santos, o mestre Januário, "sanfoneiro dos oito baixos", e Ana Batista de Jesus. Casou-se com Helena Neves Cavalcanti e teve os filhos Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior – o cantor e compositor Gonzaguinha – e Rosa Cavalcanti Gonzaga do Nascimento. Asa Branca foi um dos seus primeiros grandes sucessos nacionais. O disco original saiu pela gravadora RCA no dia 3 de março de 1947. Segundo Gonzaga, a música nasceu como uma toada, com raízes folclóricas, a partir da letra de Humberto Teixeira, que retratava o sofrimento imposto ao povo sertanejo pela seca. De tão famosa, Asa Branca terminaria sendo regravada por diversos músicos de renome, como Dominguinhos, Sérgio Reis e Baden Powell. “A importância da obra de Luiz Gonzaga é inestimável para a história da cultura do Brasil. Poucos foram os cientistas e historiadores que conseguiram retratar os sentimentos da alma nordestina como fez o nosso sanfoneiro de Exu, sempre caracterizado com sua roupa de vaqueiro e chapéu de couro. Sua música, suas parcerias e a força do seu canto fizeram dele um menestrel diferente. Um poeta que abraçou, com grande devoção, a missão de dar visibilidade a um povo de riqueza e valores únicos”, observou Moraes. Ao longo da vida, Luiz Gonzaga recebeu diversas homenagens e seu legado segue sendo exaltado pelos brasileiros. Em 2012, foi escolhido como tema do desfile da escola de samba carioca Unidos da Tijuca, que se sagrou campeã naquele Carnaval com o enredo "O dia em que toda a realeza desembarcou na avenida para coroar o rei Luiz do sertão". Gonzagão faleceu em 2 de agosto de 1989, no Recife, vítima de um câncer. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa e acompanhado por um cortejo de milhares de pessoas. Em 2012, quando se comemoravam os 100 anos do seu nascimento, foi lançado o filme “De Pai Para Filho”, narrando a relação conflituosa entre ele e Gonzaguinha. “Luiz Gonzaga continuará imortal, transcendendo seu legado ano após ano e orgulhando seu povo. Incluir seu nome no Livro do Panteão dos Heróis e das Heroínas de Pernambuco - Fernando Santa Cruz, consagra e eterniza o Rei do Baião, um homem cuja bravura e heroísmo contribuíram para a formação da identidade pernambucana”, concluiu Antônio Moraes. Foto: Leôncio Francisco/Divulgação