segunda-feira, janeiro 29, 2018

VICÊNCIA-PE - Amor pela educação que ultrapassa os muros da escola

Por Voz do Planalto - Amor de mãe, carinho de professora, respeito de um colega de profissão. É assim que Ranúzia Cléia, de 54 anos, trata o filho Artur Cavalcanti. Formados em história, mãe e filho sempre tiveram um vínculo muito forte dentro e fora da sala de aula. A Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Padre Guedes, localizada em Vicência, na Zona da Mata do Estado, tem participação nessa história que, por sinal, começou bem cedo.
A infância de Ranúzia foi marcada pela leitura de revistas e livros sobre a história do Brasil e do mundo. “Minha tia tinha uma coleção de revistas que ela guardava como se fosse a vida dela e era muito difícil ter acesso àquelas edições. Eu esperava ela sair de casa e corria para a estante onde elas estavam, ficava encantada com tudo que lia e via naquelas páginas”, contou. Aos 14 anos, a professora perguntou à Ranúzia sobre a opção de curso que iria seguir. Fascinada por história, ela não teve dúvida do que queria cursar. Ao sair da EREM Padre Guedes, Ranúzia começou a graduação em história na Universidade de Pernambuco (UPE).
Curso concluído, ela foi para a sala de aula. Começou a ensinar em escolas municipais e, em 2001, retornou para a EREM, desta vez como professora. Mãe de dois filhos, havia a preocupação de ensinar e educar dentro e fora da sala de aula. Até o momento em que as tarefas se misturaram: os filhos vieram para a escola e passaram a ser alunos também. Artur teve as aulas de história ministradas pela mãe durante alguns anos do ensino fundamental e aproveitou ao máximo a professora que tinha. “Minha mãe tem um quarto cheio de livros e discos onde eu passava muito tempo pesquisando, parece uma biblioteca. Eu adorava ler sobre assuntos que ela também gosta para debater com ela alguns pontos específicos. Me sentia na necessidade de corresponder às expectativas dela nas duas faces”, comentou Artur.
“Dentro da minha casa eu tinha o maior exemplo da minha vida. A minha mãe era também uma excelente professora e ao me dar aulas eu via o amor e empenho dela naquilo que fazia. A felicidade com que ela montava as aulas era tanta que eu queria essa felicidade pra mim também”, contou Artur, que ao sair do ensino médio também optou pela graduação em história. “Hoje eu não me arrependo da escolha que fiz. Herdei a paixão e alegria em ensinar e ainda vejo na minha mãe um referencial para a minha profissão”, concluiu.
Mãe e filho tiveram a chance de trabalhar juntos na EREM Padre Guedes, e para os dois foi uma época de muita felicidade. “Por três anos nós trabalhamos com as mesmas turmas na escola e eu o tinha como um parceiro de trabalho, profissional como ele também é. Mas é claro que o vínculo que nós temos ajudou, de certa forma, na execução de projetos pedagógicos”, comentou Ranúzia.
Com a chegada do primogênito, Artur pediu para lecionar num município vizinho, pois assim teria mais tempo para curtir a paternidade e cuidar do filho. Mas quando questionamos sobre uma possível volta para a EREM, ele respondeu: “Porque não? Eu aprendi muito aqui na Padre Guedes, tanto como aluno quanto como profissional”, confessou.