As Botijas
Graças ao hábito
antigo de enterrar dinheiro por medida de segurança, muitos foram encontrados e
hoje estão nas mãos de colecionadores. Existem muitas histórias sobre as
chamadas botijas, e que um fantasma avisa a alguém onde a mesma se encontra
enterrada. Verdade ou não sobre estas histórias que inclui fantasmas, sabemos
na verdade, que em muitos casos, o dono do dinheiro enterrado morria antes de
informar a seus herdeiros o local onde o mesmo estava escondido. Assim, muitos
ficaram perdidos. Nos anos de 1960 aqui em Vicência, o trabalhador rural e
sanfoneiro Manoel Augusto, quando largava do serviço no Engenho Sambacuim,
muitas vezes quase à noite, vinha por uma estreita estrada nos canaviais que
cortava o lugar nas mediações onde hoje se encontram o Jacozão e a Cooindústria.
Dizia Seu Manoel Augusto, que algumas vezes lhe aparecia um homem com farda de
marinheiro e depois desaparecia. Seu Manoel se assustava e contou o ocorrido
aos familiares da suposta visagem (por aqui chamam fantasma de visagem) que
poderia estar informando sobre alguma botija enterrada. O Senhor Nicanor
Martins da Silveira, esposo de Dona Emília (neta ou bisneta do suposto fantasma),
ria e não acreditava na história sobre o tal fantasma e a botija. Poucos anos
depois, um trator estava arando a terra nas proximidades do Jacosão e da Cooindústria,
quando o arado quebrou um pote de cerâmica que estava enterrado. Os
trabalhadores quando viram, “caíram em cima”, onde encontraram várias moedas de
ouro e uma tesoura que também era de ouro. O que se sabe, é que essas terras
pertenceram ao Engenho Tejo (extinto), cujo proprietário chamava-se Francisco
Gonçalves da Costa Pinto (Francisco Pintor). Se não foi ele quem enterrou o tal
tesouro, provavelmente foi o seu pai. Não se sabe porem, quem foi dos dois, o
marinheiro que veio para o Brasil na esquadra com o rei de Portugal D. João VI em 1808, que posteriormente veio
para Vicência e construiu o Engenho Tejo: Francisco Pintor ou o seu pai. Em
1884, Vicência foi notícia no Diário de Pernambuco, que falava no novo
maquinário do Engenho Tejo, desenvolvido pelo próprio proprietário, conhecido
por Francisco Pintor.
E para quem acredita em fantasmas: seria ele ou o seu pai
o fantasma que aparecia? Certa vez, por
volta de 1980 quando fui com um amigo ao
Sítio Maltêz, vi dois trabalhadores rurais cavando um buraco à procura de uma
suposta botija, mas não tiveram sucesso. Por volta de 1997, o então adolescente
de uns 15 anos Alexandre Ribeiro de Albuquerque – hoje artesão e operador de
máquinas -, encontrou uma botija no Engenho Ribeira, também em Vicência; sendo
esta de menor valor que a mencionada anteriormente. Posteriormente, Alexandre
foi vendendo as moedas. Obs.: As imagens apresentadas foram extraídas da
internet.
Os maiores tesouros e mais importantes que
Vicência perdeu e continua perdendo, será abordado na terceira e última parte
de OS TESOUROS PERDIDOS DE VICÊNCIA.