III Edição do Forró na Chácara em Vicência!

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Chácara Dornelas - 04 de Maio - 22 horas!

segunda-feira, agosto 12, 2013

VICÊNCIA - Prefeito atende em hospital

A ausência de profissionais cria os chamados "vazios sanitários" nas áreas mais carentes

Enquanto uma dezena de pessoas aguardava pelo médico plantonista que estava atrasado na frente da Unidade Mista de Vicência, na Mata Norte, outras dezenas estavam à espera da sua vez no consultório do Hospital Nossa Senhora de Fátima, na mesma cidade. Lotada, a recepção abrigava a multidão que iria ser atendida pelo prefeito de Vicência. Médico da cidade há mais de 40 anos, o cirurgião e obstetra Paulo Tadeu trocou a sede da prefeitura pela unidade hospitalar, onde costuma atender quase todos os dias os pacientes que vão buscar ajuda no local. Um sinal de que a situação não anda nada bem por aquelas bandas.

Dados da Pesquisa Médica no Brasil 2013, do Conselho Federal de Medicina (CFM), apontam que dos médicos com registros ativos e que se graduaram na década de 1980 em Pernambuco, 74,98% estão atuando ou vivendo no Recife, ou seja, 1.597 profissionais estão na capital. Enquanto isso, apenas 533 estão no interior. Esse desequilíbrio gera os chamados “desertos médicos” ou “vazios sanitários”, que são as áreas desassistidas por médicos. “Nossos plantões estão todos completos, os pagamentos dos médicos estão todos em dia e não sofremos com a falta de material básico. Atendo aos pacientes aqui nesse hospital, mas não recebo salário por isso. Faço por filantropia e para que a situação na cidade não fique pior. No entanto, concordo que o país precisa de mais médicos e sou a favor de que a presidente Dilma traga os profissionais estrangeiros, desde que seus diplomas sejam revalidados”, destacou.
Apesar do esforço do médico-prefeito, o aposentado Orlando Araújo Sobral, 76 anos, não escondeu a insatisfação quando percebeu a equipe de reportagem na Unidade Mista do município. “Aqui nunca tem médico. Estou esperando desde cedo e muita gente acabou indo embora”, reclamou. A dona de casa Fabiana Maria da Silva, 23, segurava o filho Arthur na esperança de que o médico resolvesse o problema do bebê de dois meses, que estava com febre. Esperou por mais de quatro horas para que isso acontecesse.

Quem dá plantão no município de Buenos Aires, também na Mata Norte, sofre com a estrada que está em péssimo estado e reclama das condições de trabalho. “Aqui no consultório sou apenas eu e o estetoscópio. Se um paciente precisar de um exame de urgência ou até mesmo fazer um raio-x, vai voltar para casa sem o atendimento completo. Falta o básico para nosso trabalho. Nem mesmo um otoscópio (aparelho para observar o interior da orelha) nós temos aqui.” O desabafo é de um médico que preferiu o anonimato e realiza apenas um plantão por semana na cidade, onde atende, em média, 70 pacientes por expediente. Ele diz ainda que a vinda de médicos estrangeiros não é a solução do problema. “Não sou a favor. O que resolveria a questão da saúde era melhorar a estrutura dos hospitais e postos de saúde”, finalizou.
Vida Urbana - Diário de Pernambuco