Jedson Nobre/Folha de Pernambuco |
Um pedido de perícia papiloscópica complica ainda mais o caso da morte de Paulo César Morato ao desmentir a própria Secretaria de Defesa Social (SDS). O documento, datado de 23 de junho – um dia após a morte – e apresentado pelo Sindicato da Policiais Civis (Sinpol) nesta segunda-feira (27), pede a perícia no local do crime, o que contraria a versão oficial da SDS. O Sinpol argumenta que, quando o corpo de Morato foi encontrado, a delegada Gleide Ângelo solicitou a realização do exame, que não teria sido realizado. No entanto, durante coletiva de imprensa, na última quinta-feira (23), a gerente geral de Polícia Científica, Sandra Santos, afirmou que o procedimento foi feito.
A SDS ainda havia afirmado que a equipe pericial havia ido ao local espontaneamente e sem ordem superior, e por isso teria sido cancelada a perícia no quarto de motel onde Morato foi encontrado morto. A reportagem da Folha de Pernambuco tentou entrar em contato com a delegada Gleide Ângelo para confirmar o pedido de perícia, mas ainda não obteve sucesso. O Sinpol e a Associação dos Peritos de Pernambuco (Asppape) estiveram na SDS nesta segunda-feira e protocolaram um pedido de informações a respeito dos procedimentos tomados no caso da morte de Paulo César Morato, investigado na Operação Turbulência, da Polícia Federal (PF). De lá, o grupo seguiu para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Entre os pontos que pedem esclarecimentos, segundo as entidades, está o exame de papiloscopia, para identificar digitais no quarto do motel onde o corpo foi encontrado. “Não estamos entendendo porque não foi feita a perícia papiloscópica. Não estamos entendendo porque fugir da norma padrão”, disse o presidente do Sinpol, Aureo Cisneiros. Segundo o sindicalista, a ordem para não realizar teria partido da diretora de polícia científica, Sandra Santos. Ele considerou estranha a decisão, porque o exame seria fundamental nas investigações. “A quem interessa a perícia não ter sido feita?”, questiona.
Documento argumenta que vestígios papiloscópicos eram essenciais para a investigação