A arte popular pernambucana ocupou o coração do Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (23), com a abertura da exposição J. Borges: Poesia e Arte. A mostra, que celebra o legado do mestre da xilogravura e do cordel, foi idealizada e proposta pelo Governo de Pernambuco, através de edital, para apresentar a outras regiões do Brasil o universo lírico e visual do artista de Bezerros, no Agreste. A governadora Raquel Lyra participou da cerimônia de abertura, no Salão Negro da Casa Legislativa, e destacou o papel de J. Borges como símbolo da identidade pernambucana. Pensada inicialmente como uma homenagem aos 90 anos que o artista completaria em 2025, a exposição teve sua proposta inscrita pelo Estado — por meio do escritório de representação em Brasília — no edital anual da Câmara dos Deputados, sendo selecionada para ocupar um dos espaços culturais mais simbólicos do país. A curadoria, também realizada pelo Governo de Pernambuco, organizou o acervo com cerca de 70 obras, entre xilogravuras, matrizes e folhetos de cordel, pertencentes a colecionadores, ao Memorial J. Borges e à própria família do artista. A exposição foi dividida em três núcleos temáticos — Religiosidade, Sertão e Cotidiano Nordestino — e oferece ao público não apenas uma imersão na estética e narrativa de J. Borges, mas também uma experiência interativa. Entre os destaques, estão obras icônicas como "A mulher que botou o diabo na garrafa", "Coração na mão" e "O monstro do sertão", além de uma linha do tempo com os principais marcos dos 88 anos de vida e 60 anos de carreira do artista, que faleceu no ano passado. Como parte das ações educativas da mostra, serão realizadas oficinas de xilogravura, conduzidas por Pablo Borges, filho do artista e também gravador, em um ateliê em Brasília. Outro marco da mostra, que ficará em cartaz até 6 de julho, é o lançamento do primeiro catálogo bilíngue (português-inglês) sobre a obra do artista, visando internacionalizar o material. Representando a família do xilogravurista no evento, Pablo Borges falou sobre o legado do pai. “J. Borges não era só um artista ou um poeta, ele era uma pessoa muito humana, simples, alguém que não media esforços para ajudar a todos”, observou. Fotos: Divulgação