Por: Romero Antonio de Almeida Silva - Comunidade Quilombola - Povoado Trigueiros - Vicência-PE
As celebrações de Santos Reis nascem nas expressões do
catolicismo popular em Trigueiros. O curioso é que Santos Reis não tem imagem
dentro da capela da Comunidade. Isso se explica por essa festividade ser
oriunda das manifestações da cultura popular, não aceito pelo catolicismo
tradicional. Sendo uma forma de expressar a liberdade do povo trigueirense.
Contrapondo-se ao velho poder do senhor de engenho e da Igreja no passado.
Infelizmente, a pandemia obrigou a nos
distanciarmos uns dos outros, a partir de março de 2020. Com isso, é o
primeiro ano em décadas que não teremos o encontro no segundo sábado do mês
de janeiro.
Mas ela (pandemia) não vai fazer esquecer o
principal encontro do nosso povo (na Festa de Reis), dos que em Trigueiros
estão, dos que foram morar distante ou os que vem prestigiá-la. Essa data em
nossas memórias simboliza e materializa o reencontro. Não só físico, mas das
memórias do passado dos que nasceram, viveram e vivem em Trigueiros.
Essas lembranças das festas de Reis sem energia
elétrica, passando pelos parques de Biu João Joca, das apresentações do
cavalo marinho, do mamulengo (conhecido em Trigueiros por babau) e da ciranda
do saudoso Zé Galdino. Todas essas presenças eram esperadas desde as crianças
aos mais velhos. Em 2021 as luzes que iluminavam e enfeitam nossa Comunidade
não se acenderão. Mas o encantamento da saudade permanecerá viva em nossas
almas. Neste sábado (09/01/2020), aconteceria a programação festiva, mas devido a pandemia da Covid 19, foi suspensa.
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