quarta-feira, agosto 22, 2012

Exu: o eterno aconchego do lar



No Exu, o Rei do Baião tinha o sossego que tanto procurava. Uma das casas onde morou Gonzaga fica no Parque Aza Branca


Nos períodos de auge da carreira, a série de compromissos inviabilizavam idas mais frequentes a Exu. No entanto, Luiz Gonzaga nunca abandonou a terra amada. Sempre que a agenda permitia, pegava o avião rumo ao Recife e continuava o trajeto até o Exu, cortando o Agreste pela BR-232.
Musicou o povoado do Araripe, onde nasceu, em comemoração ao centenário do local, com a canção Meu Araripe. Graças à influência que tinha, ajudou a pacificar o município, asfaltar estrada, instalar telefone, trazer bancos. Queria que a cidade oferecesse o mínimo de infraestrutura aos seus moradores.
No livro Gonzaguinha e Gonzagão, da jornalista Regina Echeverria, o filho do sanfoneiro fala sobre a importância do pai para a cidade, em relato gravado pelo próprio cantor carioca, um mês depois da morte de Luiz Gonzaga. “Foi ele quem colocou o nome da cidade no mapa. Porque sempre acreditou numa posição estratégica daquela cidade”.
O orgulho que tinha em ser exuense era tanto, que Seu Luiz mandava emplacar o carro na cidade, mesmo morando no Rio de Janeiro. “Ele comprava um carro lá em São Paulo e mandava o motorista vir para Exu, para trocar a placa do carro e usar no Rio”, conta o secretário de Cultura do município sertanejo, Bibi Saraiva. “Ele tinha um amor extraordinário pela sua terra. Poucos cantores no mundo tiveram esse amor tão arraigado quanto o Rei do Baião. Isso é um orgulho para o nosso povo. Nós temos cinco mil e poucos municípios, e qual não queria ter um Luiz Gonzaga nascido em sua terra?”.
Com a piora do estado de saúde, em consequência do câncer de próstata, Luiz Gonzaga decide voltar de vez ao Exu, em 1985. Gonzaguinha levou o pai de volta ao Rio de Janeiro, mas Seu Luiz retornou à terra amada, para a comemoração dos seus 75 anos de idade. Todo o dinheiro que guardara durante a vida, Gonzaga investiu no Parque Aza Branca e na construção de um posto de gasolina. Antes da morte, pediu ao filho para que fosse enterrado no Exu. 
Quando presente na cidade, todos o respeitavam e poucos assediavam o filho mais ilustre. No Exu, o Rei do Baião tinha o sossego que tanto procurava. “Luiz Gonzaga andava pelas ruas do Exu. Aqui é o melhor lugar para qualquer celebridade passear, porque não tem tietagem”, diz o empresário exuense e contador de causos, Arthur Jorge.
Folha de PE