Carlos Eduardo Santos » Veja depoimento do prefeito Manuel Plácido Filho em vídeo:
Central de vigilancia fica na sala da delegacia com o delegado Raimundo Arruda
Alexandre Gondim/JC Imagem
O município de Machados, no
Agreste pernambucano, é um dos menores do Estado, com 60 quilômetros
quadrados de território, pouco maior que o bairro recifense da
Guabiraba, na Zona Norte. Nunca foi dos mais violentos, mas também é um
dos mais vigiados. Com 80 câmeras espalhadas pela cidade – Recife, com
uma população 100 vezes maior, tem 252 equipamentos – Machados já
contabiliza dois anos e três meses sem homicídios.A iniciativa de instalar as câmeras foi
da prefeitura, em uma das raras participações dos governos municipais na
questão da segurança pública em Pernambuco. Até o fim do ano, o
Executivo municipal pretende aumentar para 150 a quantidade de
equipamentos, levando os olhos da polícia para a zona rural.O monitoramento eletrônico, que começou a
ser feito há aproximadamente um ano, tem mudado a rotina dos moradores
da cidade. Tem gente que, sem garagem em casa, procura estacionar o
carro um pouco mais longe de onde mora, mas no alcance das câmeras.
Outros acham exagero a quantidade de equipamentos para o tamanho da
cidade e diz que o monitoramento não trouxe mudanças significativas na
redução da violência.Para o delegado da cidade, Raimundo
Arruda, Machados só teve ganhos até agora. Segundo ele, a quantidade de
inquéritos está quase zerada. “Já descobrimos autores de pequenos furtos
por causa das câmeras. Fora isso, estamos há mais de dois anos sem
registrar um homicídio. No fim do ano passado, ficamos sem nenhum
inquérito e as câmeras ajudaram para que isso acontecesse.”O último assassinato registrado no
município aconteceu, segundo a polícia, em 2 de dezembro de 2009, quando
Carlos José da Silva, 31 anos, foi morto a facadas na zona rural. O
inquérito do caso já foi concluído com indícios de autoria e encaminhado
à Justiça.De acordo com o prefeito de Machados,
Manuel Plácido Filho, a ideia de instalar câmeras surgiu durante
discussão sobre a forma de diminuir a violência no município.“Vi essa experiência em capitais e
pensei: por que não trazer para nossa cidade? A intenção era fazer algo
diferente para inibir a criminalidade. Agora vimos que deu certo e vamos
ampliar o projeto, levando câ-meras para a zona rural”, explicou o
prefeito que comemora os dois anos sem homicídios na cidade. “Agora, a
terra da banana é conhecida como a terra sem homicídios”, completou.
BARREIRA - Mesmo
inovando e enchendo a cidade de câmeras, o monitoramento eletrônico em
Machados sofre um problema: a falta de efetivo policial. Na delegacia
local existe apenas o delegado e um policial de plantão diariamente.
Já no destacamento da Polícia Militar
que fica na cidade e é ligado ao 22º Batalhão, apenas três PMs fazem as
rondas por dia. Com isso, não há efetivo para monitorar as imagens das
câmeras durante 24 horas, o que seria o ideal. Dessa forma, apenas
quando estão com tempo livre, os policiais ficam de olho na tela que
reproduz as cenas captadas pelos equipamentos. As imagens ficam gravadas
por 15 dias para consulta da polícia.